quarta-feira, 25 de julho de 2012

Entrevista ao jornal Tribuna de Santos

Inclusão, um direito de todos Autor: Da Redação
Considerando-se que a criança com deficiência intelectual apresenta dificuldades em assimilar conteúdos abstratos,se faz necessário a utilização de material pedagógico concreto,e de estratégias metodológicas práticas para que esse aluno desenvolva suas habilidades cognitivas e para facilitar a construção do conhecimento dessa criança. Partindo desses princípios, Kelem Zapparoli, pedagoga com complementação pedagógica em deficiência mental e especialista em Psicologia Infantil, lançou pela Wak Editora o livro “Estratégias lúdicas para o ensino da criança com deficiência”. A pedagoga esclarece algumas dúvidas em entrevista concedida para a equipe do JEC. Qual a importância da inclusão de crianças e jovens com deficiência= no ambiente escolar? Vivemos em uma sociedade excludente que cria certos padrões de ser humano e rejeita todos aqueles que fogem destes seus critérios (corpo ideal, profissão ideal, habilidades ideais). Neste sentido, a inclusão torna – se, antes de mais nada, um movimento mundial em favor das diferenças. Dentro da escola a inclusão contribui para uma reestruturação dos sistemas de ensino: nas formas de avaliar o aluno, na estrutura curricular, na dinâmica da sala de aula. Já para os alunos com deficiência, a oportunidade de um currículo mais ampliado e a convivência com crianças sem deficiência, são favoráveis ao seu desenvolvimento. Como professores e instituições devem se preparar para receber alunos e jovens com algum tipo de deficiência? Em primeiro lugar devem acreditar na capacidade de aprendizagem destes alunos e investir em suas possibilidades. Todos são capazes de aprender e superar suas limitações desde que recebam um ensino de qualidade. A prova disso podemos verificar nas inúmeras pessoas que aprendem a ler com a ponta dos dedos, bailarinos que dançam em cadeira de rodas, atletas paraolímpicos. Porém, para um ensino de qualidade, é necessário um investimento na capacitação de professores e de toda a equipe escolar. A formação ideal, como muitos acreditam, não existe, o que existe é um professor que ama o seu trabalho e que por isso estará disposto a aprender, buscando ampliar seu conhecimento, contando com o apoio dos pais e de toda a equipe escolar. Como o professor pode preparar o aluno para lidar com as diferenças em sala de aula? Se analisarmos na perspectiva da sociedade que temos hoje, conforme já mencionado, este é um trabalho árduo, porém necessários e queremos uma sociedade mais justa e acolhedora. Acredito que a única maneira de preparar estes alunos é ensinando que todos somos diferentes uns dos outros. Temos nossos pontos fracos e fortes, mas trabalhando em cooperação podemos alcançar nossos objetivos. Qual a principal atividade relacionada à inclusão deve ser proposta pela escola? No sentido de aceitação, acho que o trabalho cooperativo, o conhecimento de diferentes culturas e o respeito às diferenças. Com mais de 10 anos de experiência, você acha que a inclusão tem sido aceita de forma positiva pela sociedade? Não. Para aceitá-la precisamos mudar nossa concepção de deficiência enquanto incapacidade. Ainda vemos o deficiente como um coitadinho que precisa de cuidados. Muitos pais de crianças sem deficiência acreditam que a inclusão é prejudicial para o seu filho, mas, se esta for adequada, a criança sem deficiência terá muitos ganhos com ela: professores mais preparados para lidar com as necessidades individuais, possibilidade de tornar-se um ser humano menos individualista, aulas menos expositivas e mais lúdicas. Houve melhor adaptação de alunos, professores e instituições? Sim, apesar de precisarmos melhorar muito, é inegável que a aceitação esteja acontecendo mais do que antes e acho que os casos de sucesso na inclusão foram decisivos para isso. Na sua opinião, o governo tem se mostrado acessível e engajado em causas como a inclusão de crianças e jovens com diversos tipos de deficiência? Não como deveria, mas sim. O problema é que existem muitas divergências na concepção de escola inclusiva, onde acredito que sejam necessárias muitas pesquisas com o tema, principalmente nas deficiências mais severas e nos anos mais avançados de escolaridade. Outro ponto desfavorável está relacionado à má qualidade na educação de maneira geral e o pouco investimento no setor. As salas superlotadas, os baixos salários dos professores, o pouco investimento na capacitação, tudo isso é prejudicial para um ensino de qualidade de qualquer aluno, inclusive daqueles em situação de inclusão. Há uma grande valorização por parte do governo na educação profissionalizante e muito pouca valorização na educação inicial. Porém, sem uma boa formação de base, não teremos qualidade na prestação de serviços. De que adianta investir no ingresso ao mercado de trabalho se não conseguimos formar profissionais capazes de redigir um texto ou compreender uma informação? Em relação às escolas que não tem uma preparação adequada para receber algum portador de deficiência, quais os malefícios que essas crianças ou jovens podem sofrer? Uma boa formação é fundamental para qualquer trabalho de qualidade, na inclusão não é diferente. Os malefícios são um desenvolvimento aquém de suas possibilidades com maiores ou piores prejuízos dependendo de cada caso.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Escola da Ponte - um exemplo de inclusão que pode dar certo

Relatos... Na nossa escola todos trabalham com todos. Assim, nem um aluno é aluno de um professor mas sim de todos os professores, nem um professor é professor de alguns alunos, é professor de todos os alunos. Os professores rodam pelos diferentes espaços de tempos a tempos, de modo a que possam trabalhar com todos os alunos. Por outro lado, cada uma das expressões é trabalhada por um grupo de dois professores. Como é lógico tem-se sempre o cuidado de assegurar a continuidade do trabalho que se está a desenvolver, não havendo quebras acentuadas do ambiente de trabalho. Hoje a nossa Escola assenta na autonomia dos alunos. Apesar de estar inserida no sistema oficial de ensino, tem deparado com muitas barreiras quanto ao reconhecimento das virtualidades de uma aprendizagem alicerçada em valores como a solidariedade e a co-responsabilização dos educandos. Um modelo pedagógico que começa finalmente a servir de inspiração a outras escolas. O que aprendi em minha visita... Situada na Vila das Aves, a 30 km do Porto, a Escola da Ponte, bastante conhecida pelos brasileiros (mais até do que pelos próprios portugueses), aparentemente é uma escola como outra qualquer: Um prédio pequeno com pouco espaço, construção antiga e muito parecida com as escolas públicas brasileiras. A princípio uma decepção, pois a escola tão afamada no Brasil, deveria ser no mínimo diferente na sua construção. Este foi o primeiro engano, pois era aí que se demonstrava o quão especial era: conseguir tornar uma escola comum, numa escola de vanguarda. Ao chegar, fomos muito bem recebidos por uma das coordenadoras, das 3 existentes (uma para cada “grau” do ensino: Iniciação, Consolidação, Aprofundamento) e logo duas alunas foram convidadas a nos siceronear e explicar todo o trabalho desenvolvido ali, o que fizeram com grande competência. A escola é pública, freqüentadas por crianças até por volta dos 10 anos (equivalente a 4ª série) onde as crianças pagam apenas pelos materiais e refeição. As aulas são realizadas das 8h30 às 16h. A cada 2h tem um intervalo e às 12 horas um intervalo maior para o almoço (de 1h e 30 minutos). As salas são amplas, e comportam 24 alunos na iniciação e 30 alunos nas outras fases, sendo acompanhados por 3 a 4 professores, cada um de uma disciplina, mas atuando como polivalentes (quando necessário o especialista na área faz a intervenção). No início do ano os professores fazem uma retrospectiva do ano anterior para verificar o conhecimento dos alunos e a partir daí orientam-nos em seus estudos para que atinjam seus objetivos propostos (seguem os objetivos estipulados pelo Ministério da Educação). Estes objetivos são colocados na parede das salas para que os alunos procurem o que vão estudar. Em seguida os alunos planejam suas quinzenas, baseados no que já sabem e no que devem saber e caso não consigam atingir seus objetivos da quinzena, passam suas metas para outra quinzena, acumulando metas, portanto, para eles não é vantagem evitar determinadas áreas do ensino, mas independente disto, também seus professores e colegas orientam quando percebem que um aluno não está estudando determinada disciplina e que assim não cumprirá suas metas. Na iniciação, os planos são definidos pelo tutor, já que estas crianças ainda não adquiriram independência para isso. Aliás, na iniciação o conteúdo principal é desenvolver a autonomia, as regras e a responsabilidade. Os alunos não recebem notas e a avaliação é feita por solicitação do aluno, ou seja, existe um cartaz dividido em: eu já sei/preciso de ajuda em / E quando o aluno coloca na tabela eu já sei, é porque julga já estar pronto para ser avaliado, então o professor aplica um questionário, um trabalho ou avalia oralmente. No que se refere à disciplina, quando um aluno está com problemas, os outros colegas imediatamente o procuram para conversar e saber o que aconteceu. Outros problemas são levados para discussão na assembléia que ocorre toda sexta-feira e é presidida por um grupo de alunos da chapa vencedora nas eleições que acontecem no início do ano letivo. Os professores se reúnem exporadicamente para discussão de casos, geralmente às quartas-feiras à tarde, horário livre dos alunos, onde a chapa escolhida no ano passa em todas as salas pedindo sugestões sobre o assunto a ser tratado naquela semana. A escola ainda possui 2 psicólogas, 1 coordenador geral (além dos coordenadores dos núcleos), 1 diretor geral e dois diretores para gestão e atende 220 alunos.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Lançamento do livro

14 de agosto de 2012 às 18h30 na universidade Estácio de Sá - Unidade Nova América (na estação de metrô Nova América - Rio de Janeiro/RJ) Inscrições e maiores informações: kelemzapparoli@gmail.com

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Vagas para pessoas com deficiência

A Droga Raia está com vagas abertas para pessoas com deficiência. Caso tenha interesse é só entregar o curriculo em uma das lojas ou no trabalhe conosco do site www.drogaraia.com.br