sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Lançamento de livro

Acaba de ser lançado o livro Políticas Públicas e Produção do Conhecimento em Educação Inclusiva pela editora intertexto, com organização da professora Valdelúcia Alves da Costa (et al) e direção do professor Waldeck Carneiro e professora Iduína Chaves.
O livro conta com uma participação minha em co-autoria com o professor Waldeck Carneiro, além de outros pesquisadores da UFF/Niterói, UFMA/Maranhão e UFBA/Bahia.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Teatro para deficientes visuais

Começou mais uma edição do Teatro para Todos e desta vez temos uma peça adaptada para que pessoas com deficiência visual também possam participar. Abaixo seguem detalhes:
TEATRO DOS SENTIDOS - FELIZ ANO NOVO
Numa conversa entre um menino e o pai, ele começa a relembrar do encontro em uma noite de réveillon com a mulher que foi o grande amor de sua vida. O Teatro dos Sentidos é uma nova técnica de encenação idealizada especialmente para uma plateia de deficientes visuais ou para um público com olhos vendados.

Sábado e Domingo às 20:00 - R$ 30,00
Espaço I do Museu do Universo - Planetário da Gávea
Rua Vice Governador Rubens Berardo, 100 - Gávea
Bilheteria: 2274-0046
Direção: Paula Wenke
Elenco: Cacau Berredo, Camila Maia, Daniella Macie, Igo Ribeiro e grande elenco.
Classificação etária: 12 anos
Duração: 60 minutos / Gênero: Drama

Período na campanha: 19/11 a 11/12/2011
Valor na campanha: R$ 10,00

domingo, 4 de setembro de 2011

Dança e inclusão

Ao analisarmos o processo histórico pelo qual passou o indivíduo com deficiência percebemos, na maioria das vezes, situações de rejeição e isolamento. Segundo Aranha (2005), na antiguidade eram considerados seres amaldiçoados pelos deuses e por isso exterminados. Na Idade Média foram assistidos pela igreja passando a ser considerados criaturas de Deus, porém longe dos olhos da sociedade.
A partir do século XVII a deficiência deixa de ser considerada um fator espiritual e passa a ser um processo natural favorecendo ações de tratamento médico, porém, ainda em condições de isolamento, confinados em hospitais e internatos.
A medicina evoluiu, outras áreas do conhecimento foram aperfeiçoando as idéias sobre a deficiência, mas ainda hoje permanece o paradigma da segregação.

Em defesa da construção de uma sociedade mais justa e acolhedora, inicia-se, na década de 80, um movimento a favor da educação para todos (Menicucci, 2006), mas somente na segunda metade da década de 90, com a Declaração de Salamanca¹ as ações começaram a se efetivar de fato. Cabe ressaltar que este movimento visa não somente o direito das pessoas com necessidades educativas especiais de freqüentarem as salas do ensino comum, mas também a inclusão social delas.

Dança e deficiência

Consta na resolução 46/96 de 04 março de 1994, aprovada pela Assembléia Geral das Nações Unidas, que os Estados devem zelar para que as pessoas com deficiência se integrem socialmente e possam participar de atividades culturais em condições de igualdade oportunizando a utilização de seu potencial criativo, artístico e intelectual, citando em seus exemplos atividades de dança, música, literatura, teatro e artes visuais.

São inúmeros os benefícios observados na utilização da arte e especificamente da dança nas pessoas com deficiência (Ferreira & Ferreira, 2004), dentre eles podemos citar a melhora da coordenação motora, do equilíbrio, do campo visual, ritmo, auto-expressão, auto-imagem, tendo esta última, grande relação com a percepção social da deficiência.
A formação da auto-imagem se dá a partir da relação com o outro. É através da fala do outro que o indivíduo vai interiorizando o que lhe é atribuído até que se torne algo dele próprio (Ciampa, 2001). Falas do tipo “coitadinho ele é deficiente” ou “ele não consegue, pois é deficiente” são falas muito comuns e prejudiciais na contrução da auto-imagem. Em contrapartida o ser aceito reflete uma imagem de satisfação, de adequação, de ser sujeito de si mesmo, o que gera o sentimento de fazer parte, de estar incluído, de potência diante da vida e do corpo. Ao passo que o não aceito resulta em uma imagem de defeito, de menos valia [...] (Ferreira, 2007).

Sabendo que o deficiente enfrenta todos os dias, além de situações de fracasso, uma sociedade que o discrimina e exclui, como será a constituição desta sua auto-imagem?

Ao estudarmos o valor da dança para a pessoa com deficiência percebemos que há algo além do simples desenvolvimento psicomotor, há uma ressignificância deste corpo enquanto sujeito.

De acordo com Ferreira & Ferreira (2004), na dança, a pessoa com deficiência não deixa de ser deficiente, mas ela passa a ressignificar sua relação com o próprio corpo, com a linguagem e com a sociedade “O corpo não muda em si, mas passa a significar de outras maneiras”.

A autora, em seu estudo sobre dança em cadeira de rodas, aponta alguns dos benefícios desta forma de arte:
- Pode ser um instrumento de auto-conhecimento e descoberta das possibilidades de transformação social;
- É mais uma forma de expressão e comunicação;
- Proporciona possibilidades de movimentos;
- Proporciona superação das limitações.

Sendo assim, a dança pode contribuir para a formação de uma auto-imagem positiva o que contribui para a aceitação de sua deficiência e limitações.

Referências bibliográficas:


ARANHA, Maria S. F. Escola Viva: Garantindo acesso e permanência de todos os alunos na escola. Visão Histórica. V1, 2ª ed. Brasília. 2005.


CIAMPA, A. C. A estória de Severino, e a história de Severina: um ensaio de psicologia social. São Paulo. Brasiliense, 2001

FERREIRA. Carlos A. de M., Machado R. Um estudo da imagem corporal sob a ótica da consciência e do Inconsciente in ...

FERREIRA. Carlos A. de M., Alves Cristina N. A imagem e o esquema corporal do sujeito com necessidades especiais, In Psicomotricidade: Educação especial e inclusão social. WAK. Rio de Janeiro. 2007.

MENICUCCI, Maria do C. Educação Inclusiva: Possibilidades e Desafios Atuais in Educação Especial Inclusiva. Puc Minas Virtual. Belo Horizonte. 2006.

RAMOS Maria I. B., Silva Eduardo J. C. As marcas do diagnóstico e a importância da intervenção precoce. In Psicomotricidade: Educação especial e inclusão social. WAK. Rio de Janeiro. 2007.

sábado, 13 de agosto de 2011

Festival Assim Vivemos

Terá início no dia 16 de agosto de 2011 o 5º Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência no CCBB do Rio de Janeiro. Em setembro o festival será realizado em Brasília e em outubro São Paulo.

Serão exibidos 28 filmes de 12 países, revelando universos singulares como o de crianças de Myanmar (ex-Birmânia) e o de mulheres cadeirantes de Moçambique. Como já é tradicional, serão realizados quatro debates sobre temas específicos, congregando pessoas com deficiência, profissionais especializados, professores universitários, diretores de cinema, entre outros.

Confira a programação no site do festival: www.assimvivemos.com.br

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Audiência Pública sobre a Meta 4 PNE

Aconteceu no dia 03/06/2011 na ALERJ - RJ uma audiência pública para discussão da META 4 do PNE/MEC.

Estavam presentes representantes de algumas instituições como: Instituto Benjamin Costant - IBC, Instituto Nacional dos Surdos - INES, Pestalozzi, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE, Sementes do Amanhã, Guerreiros da Inclusão, Associação de Mães, além de professores universitários e é claro, os maiores interessados: as pessoas com deficiência.
Foram feitas críticas à meta 4, como por exemplo a de não contemplar a educação precoce.

Também defendeu-se uma educação de qualidade para todos, mas principalmente o direito à liberdade e o direito de escolha.

Mais uma vez as pessoas com deficiência enfatizaram que não querem que se fale por eles: "Nada sobre nós, sem nós"

Reunião Aberta sobre Educação Inclusiva

Esta postagem é uma antiga notícia sobre as discussões da educação inclusiva que estava na barra ao lado. Para melhorar a visualização do blog, foi colocada neste formato:

Conforme informado neste blog, aconteceu ontem, 12/11/2009 uma reunião aberta sobre educação inclusiva, no CIAD Mestre Candeia. O evento, realizado pelo Comdef-Rio, contou com a participação de pais, educadores, advogados, pessoas com deficiência e demais interessados pela causa.
O tema da reunião foi o "fechamento das salas especiais" onde uma mesa composta por educadores, advogados e mães esclareceu para todos o parecer Nº 13/CNE/CEB/2009 (leia postagem ao lado) e deixaram seus comentários sobre tal assunto.
Ponderou-se os aspectos positivos e negativos da inclusão, mas acima de tudo o direito dos pais opinarem pela melhor educação para seus filhos.
Sob o lema: "Nada sobre nós sem nós", clamou-se por democracia e por uma educação de qualidade para todos.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A linguagem numa perspectiva bakhtiniana

Mikhail Bakhtin nasceu na Rússia no ano de 1895, diplomou-se em história e filologia em 1918 e faleceu em Moscou em 1975, após uma longa doença (Bakhtin, 1992). Interessou-se em estudar a filosofia da linguagem, apropriando-se da literatura para pensar a vida humana, suas relações sociais e suas falas. Portanto, seus interesses na linguagem não se limitavam à palavra no sentido lexical, mas preocupava-se com a linguagem enquanto signo, em como a linguagem se apresentava nas interações verbais cotidianas.
Suas concepções teóricas baseadas numa abordagem histórico-cultural chegaram ao Brasil no início da segunda metade da década de 70, mas por questões políticas, não progrediram. Nesta época vivíamos num regime ditatorial e esta abordagem discutia as contradições de classe, o que não favorecia os interesses dominantes. Já na década de 80, com o fim da ditadura militar, novas tendências pedagógicas foram emergindo e neste momento a abordagem histórico-cultural ganha forças, surgindo grupos de estudos que se dedicavam ao tema (Freitas, 1994).
Para Bakhtin a palavra é fundamental nas relações sociais, mas por muito tempo foi tratada de forma abstrata. Os linguistas habitualmente estudavam a palavra dicionarizada, o seu sentido lexical, mas na concepção deste autor a palavra deve ser estudada em sua semântica dentro de um contexto sócio-histórico.

Este texto é parte de um trabalho de conclusão de curso sobre Bakhtin. Caso tenham interesse em aprofundar a leitura sugiro:
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo. Martins Fontes. 2003.

BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 6 ed. São Paulo. Hucitec. 1992.

Brait, B. (org). Bakhtin: Conceitos-chave. 4 ed. São Paulo. Contexto. 2010.

sábado, 28 de maio de 2011

Ação Educativa - Livro para adultos não ensina erros

NOTA PÚBLICA


Uma frase retirada da obra Por uma vida melhor, cuja responsabilidade pedagógica é da Ação Educativa, vem gerando enorme repercussão na mídia. A obra é destinada à Educação de Jovens e Adultos, modalidade que, pela primeira vez neste ano, teve a oportunidade de receber livros do Programa Nacional do Livro Didático. Por meio dele, o Ministério da Educação promove a avaliação de dezenas de obras apresentadas por editoras, submete-as à avaliação de especialistas e depois oferece as aprovadas para que secretarias de educação e professores façam suas escolhas.


O trecho que gerou tantas polêmicas faz parte do capítulo “Escrever é diferente de falar”. No tópico denominado “concordância entre palavras”, os autores discutem a existência de variedades do português falado que admitem que substantivo e adjetivo não sejam flexionados para concordar com um artigo no plural. Na mesma página, os autores completam a explanação: “na norma culta, o verbo concorda, ao mesmo tempo, em número (singular – plural) e em pessoa (1ª –2ª – 3ª) com o ser envolvido na ação que ele indica”. Afirmam também: “a norma culta existe tanto na linguagem escrita como na oral, ou seja, quando escrevemos um bilhete a um amigo, podemos ser informais, porém, quando escrevemos um requerimento, por exemplo, devemos ser formais, utilizando a norma culta”.


Pode-se constatar, portanto, que os autores não estão se furtando a ensinar a norma culta, apenas indicam que existem outras variedades diferentes dessa. A abordagem é adequada, pois diversos especialistas em ensino de língua, assim como as orientações oficiais para a área, afirmam que tomar consciência da variante linguística que se usa e entender como a sociedade valoriza desigualmente as diferentes variantes pode ajudar na apropriação da norma culta. Uma escola democrática deve ensinar as regras gramaticais a todos os alunos sem menosprezar a cultura em que estão inseridos e sem destituir a língua que falam de sua gramática, ainda que esta não esteja codificada por escrito nem seja socialmente prestigiada. Defendemos a abordagem da obra por considerar que cabe à escola ensinar regras, mas sua função mais nobre é disseminar conhecimentos científicos e senso crítico, para que as pessoas possam saber por que e quando usá-las.


O debate público é fundamental para promover a qualidade e equidade na educação. É preciso, entretanto, tomar cuidado com a divulgação de matérias com intuitos políticos pouco educativos e afirmações desrespeitosas em relação aos educadores. A Ação Educativa está disposta a promover um debate qualificado que possa efetivamente resultar em democratização da educação e da cultura. Vale lembrar que polêmicas como essa ocupam a imprensa desde que o Modernismo brasileiro em 1922 incorporou a linguagem popular à literatura. Felizmente, desde então, o país mudou bastante. Muitas pessoas tem consciência de que não se deve discriminar ninguém pela forma como fala ou pelo lugar de onde veio. Tais mudanças são possíveis, sem dúvida, porque cada vez mais brasileiros podem ir à escola tanto para aprender regras como parar desenvolver o senso crítico.