terça-feira, 17 de julho de 2012

Escola da Ponte - um exemplo de inclusão que pode dar certo

Relatos... Na nossa escola todos trabalham com todos. Assim, nem um aluno é aluno de um professor mas sim de todos os professores, nem um professor é professor de alguns alunos, é professor de todos os alunos. Os professores rodam pelos diferentes espaços de tempos a tempos, de modo a que possam trabalhar com todos os alunos. Por outro lado, cada uma das expressões é trabalhada por um grupo de dois professores. Como é lógico tem-se sempre o cuidado de assegurar a continuidade do trabalho que se está a desenvolver, não havendo quebras acentuadas do ambiente de trabalho. Hoje a nossa Escola assenta na autonomia dos alunos. Apesar de estar inserida no sistema oficial de ensino, tem deparado com muitas barreiras quanto ao reconhecimento das virtualidades de uma aprendizagem alicerçada em valores como a solidariedade e a co-responsabilização dos educandos. Um modelo pedagógico que começa finalmente a servir de inspiração a outras escolas. O que aprendi em minha visita... Situada na Vila das Aves, a 30 km do Porto, a Escola da Ponte, bastante conhecida pelos brasileiros (mais até do que pelos próprios portugueses), aparentemente é uma escola como outra qualquer: Um prédio pequeno com pouco espaço, construção antiga e muito parecida com as escolas públicas brasileiras. A princípio uma decepção, pois a escola tão afamada no Brasil, deveria ser no mínimo diferente na sua construção. Este foi o primeiro engano, pois era aí que se demonstrava o quão especial era: conseguir tornar uma escola comum, numa escola de vanguarda. Ao chegar, fomos muito bem recebidos por uma das coordenadoras, das 3 existentes (uma para cada “grau” do ensino: Iniciação, Consolidação, Aprofundamento) e logo duas alunas foram convidadas a nos siceronear e explicar todo o trabalho desenvolvido ali, o que fizeram com grande competência. A escola é pública, freqüentadas por crianças até por volta dos 10 anos (equivalente a 4ª série) onde as crianças pagam apenas pelos materiais e refeição. As aulas são realizadas das 8h30 às 16h. A cada 2h tem um intervalo e às 12 horas um intervalo maior para o almoço (de 1h e 30 minutos). As salas são amplas, e comportam 24 alunos na iniciação e 30 alunos nas outras fases, sendo acompanhados por 3 a 4 professores, cada um de uma disciplina, mas atuando como polivalentes (quando necessário o especialista na área faz a intervenção). No início do ano os professores fazem uma retrospectiva do ano anterior para verificar o conhecimento dos alunos e a partir daí orientam-nos em seus estudos para que atinjam seus objetivos propostos (seguem os objetivos estipulados pelo Ministério da Educação). Estes objetivos são colocados na parede das salas para que os alunos procurem o que vão estudar. Em seguida os alunos planejam suas quinzenas, baseados no que já sabem e no que devem saber e caso não consigam atingir seus objetivos da quinzena, passam suas metas para outra quinzena, acumulando metas, portanto, para eles não é vantagem evitar determinadas áreas do ensino, mas independente disto, também seus professores e colegas orientam quando percebem que um aluno não está estudando determinada disciplina e que assim não cumprirá suas metas. Na iniciação, os planos são definidos pelo tutor, já que estas crianças ainda não adquiriram independência para isso. Aliás, na iniciação o conteúdo principal é desenvolver a autonomia, as regras e a responsabilidade. Os alunos não recebem notas e a avaliação é feita por solicitação do aluno, ou seja, existe um cartaz dividido em: eu já sei/preciso de ajuda em / E quando o aluno coloca na tabela eu já sei, é porque julga já estar pronto para ser avaliado, então o professor aplica um questionário, um trabalho ou avalia oralmente. No que se refere à disciplina, quando um aluno está com problemas, os outros colegas imediatamente o procuram para conversar e saber o que aconteceu. Outros problemas são levados para discussão na assembléia que ocorre toda sexta-feira e é presidida por um grupo de alunos da chapa vencedora nas eleições que acontecem no início do ano letivo. Os professores se reúnem exporadicamente para discussão de casos, geralmente às quartas-feiras à tarde, horário livre dos alunos, onde a chapa escolhida no ano passa em todas as salas pedindo sugestões sobre o assunto a ser tratado naquela semana. A escola ainda possui 2 psicólogas, 1 coordenador geral (além dos coordenadores dos núcleos), 1 diretor geral e dois diretores para gestão e atende 220 alunos.

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